domingo, 30 de abril de 2017

MISTICISMO - 1-2 - JOEL GOLDSMITH






O verdadeiro significado de misticismo é qualquer religião ou filosofia que ensine a união com Deus. 

O misticismo revela a possibilidade de receber comunicação ou orientação diretamente de Deus, de comungar com Deus, de estar consciente dessa união com Deus e de receber o bem de Deus sem qualquer intermediário. Por isso, o ensinamento do Caminho Infinito é místico porque, acima de tudo, seu propósito é realizar a união com Deus.



Uma das mais elevadas declarações místicas de que tenho algum conhecimento, uma que lhe proporciona a chave para o céu, uma chave para a harmonia da mente, do corpo e dos negócios, da saúde e da riqueza e de todas as outras coisas é a seguinte: sua união com Deus constitui sua união com todos os seres e coisas espirituais.


Você encontrará isso em meus escritos, mas também constatará que isso não foi levado muito a sério pela maioria dos que os que o leram. Excetuando alguns casos, essa afirmação não foi reconhecida como uma das sabedorias supremas do mundo, possivelmente porque, em primeiro lugar, não está declarada em linguagem críptica, mas em linguagem simples; e, em segundo lugar, porque a maioria das pessoas não adquiriu o hábito de analisar declarações.




NOSSA UNIÃO COM DEUS APARECE COMO FORMA


Minha união com Deus constitui minha união com todos os seres e coisas espirituais. Pegando o exemplo do telefone: você não consegue nenhuma ligação por telefone, em lugar algum do mundo, sem primeiramente passar pela central telefônica; porém, uma vez que você tenha tido contato com essa central, poderá se comunicar com qualquer lugar na face do globo que tenha um telefone. Assim, se você entra em contato com Deus, se tem uma compreensão consciente de Deus, se conscientemente se tornou um com Deus, então automática e instantaneamente você é um com o universo inteiro do ser e da ideia espirituais.


Tudo o que você vê, ouve, prova, toca ou cheira é apenas um conceito finito de uma ideia divina. Por exemplo, um automóvel é um veículo para transporte que você desgasta ou se tornará obsoleto e haverá necessidade de um outro investimento para substituí-lo. Mas, por trás da ideia ou do objeto "automóvel", está a ideia divina de transporte e o transporte é realmente uma atividade espiritual; é uma atividade da mente que se comunica como ideia para o ser individual. Por isso, se você uma vez entra em contato com Deus, ou com o Espírito, entra em contato com a lei espiritual de transporte; e se sua necessidade de um automóvel for real, você ficará surpreso com a rapidez com que o conseguirá. Um lugar em um avião, uma passagem marítima ou qualquer outra coisa relacionada com transporte estaria imediatamente ao seu alcance por causa de sua unidade com a Fonte infinita de todo o bem.


Isso não significa que qualquer pessoa deva tentar demonstrar um automóvel. Mas, suponhamos que eu esteja em São Francisco e que meu lar seja em Los Angeles e que, no sentido humano, preciso encurtar esta distância de aproximadamente seiscentos quilômetros. Preciso de transporte e, aparentemente, não há solução imediata para o problema. Então eu me sento e compreendo minha união com Deus. Compreendo minha união em maneiras tão diferentes quanto possa: talvez pense na onda que é uma coisa só com o oceano, ou no raio de sol que é uma coisa só com o Sol, ou no 'eu' que é uma coisa só com Deus. De qualquer maneira que possa, eu me relaciono com Deus até que, finalmente, chegue à compreensão:


"Tudo o que o Pai tem é meu porque nós somos um. Não existe separação entre Deus e o homem; Deus e o homem são um. E eu e o Pai somos um; tudo o que o Pai tem está justamente aqui onde estou."


Se posso conseguir esta compreensão, se posso obter esse sentimento interior de paz que nós chamamos de "estalo", bem depressa constato que meu transporte para Los Angeles aparece. Pode ser um convite para viajar com alguém; pode ser uma passagem de estrada de ferro; pode ser alguém de lá mandando me buscar. Isso poderia aparecer de qualquer maneira, mas em nenhuma ocasião eu teria de pensar a respeito de transporte: eu teria apensas de pensar em minha união com Deus e a respeito da disponibilidade imediata de Deus em todas as formas.


Coisa parecida pode acontecer se houver a necessidade de um lar, quer você esteja em sua comunidade ou em outra qualquer. Uma vez mais, você não usa esta verdade para demonstrar uma casa ou um lugar onde viver; mas se essa verdade não traz, ou não puder trazer satisfação e harmonia, não seria a verdade de ser, porque Jesus disse: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" -- Eu vim para que vocês possam ser satisfeitos. Certamente um lar e uma companhia fazer parte de sua satisfação.


Tendo chegado a um lugar onde você sabe que tem necessidade de um lar, esqueça o lar, volte-se para dentro de si mesmo e compreenda Deus. Compreenda que o único lar que existe está na sua própria consciência; compreenda que você vive, se movimenta e tem o seu ser em Deus, na Consciência verdadeira. A Consciência verdadeira está onipresente como o seu próprio ser. Quando você compreende a verdadeira natureza do lar, natureza que abrange todas as qualidades espirituais de Deus, tais como proteção, amor, júbilo, beleza, cooperação, segurança e providência, seu lar aparece. A união consciente com Deus é que fará a manifestação desse lar -- sem que seja preciso sair de você mesmo.


Lembre-se sempre de que a base do nosso trabalho é: "Mas buscai primeiro o reino de Deus". Uma das maneiras de buscar primeiro o reino de Deus é essa compreensão da união, porque quando você demonstrou sua consciência da união com Deus, todas as coisas lhe são dadas por acréscimo. Logo, a união com Deus constitui a união com cada ser e ideia espiritual.


Pode acontecer que seja necessário que alguma pessoa ocasione o ajuste feliz dos seus afazeres -- o corretor imobiliário certo, o banqueiro certo, o conselheiro de investimento certo ou o professor de metafísica certo. O certo não deve ser contatado por simplesmente se desejar o certo, mas compreendendo sua união consciente com Deus.



SUA CONSCIÊNCIA COMUNICADA COMO VERDADE

O que a pessoa que realmente está procurando a Verdade quer é a mais alta comunicação que existe para o seu particular estado de consciência, a comunicação que atenderá às suas necessidades particulares. Cada um de nós pode usar um caminho diferente para chegar a essa meta; porém, para a maioria dos que buscam, as bibliotecas públicas com seus milhares de livros oferecem a maneira mais fácil, mais rápida e mais acessível de investigar abordagens diferentes da verdade.

Mas você poderia ler todos esses livros e, com exceção de apenas um, não encontrar o que está procurando, e todo esse tempo gasto em leitura poderia ser um tempo desperdiçado. E seria tão difícil dirigir-se ao centro do seu próprio ser e lá compreender que Deus e Verdade são sinônimos; e já que você é um com Deus, você é um com a Verdade e, portanto, toda a Verdade do Universo está ao seu alcance agora -- não ao seu alcance amanhã, mas agora -- ao seu alcance exatamente aqui onde você está. Não existe ocasião, lugar ou espaço que possa separar você da Verdade, de toda a Verdade do Universo, porque você não pode ser separado de Deus.

À medida que você medita dessa maneira, dia após dia, você será levado ao único livro que realmente abriria as comportas para você. A partir desse momento, você seria levado de livro para livro, de mestre para mestre, mas somente para aqueles que estivessem de acordo com a sua consciência ou para aqueles que atendessem à sua necessidade particular. Não é necessário ler todos os livros do mundo para encontrar a verdade de que você necessita. Você pode ser levado aos autores e professores e às Escrituras que estejam em harmonia com o seu estado de consciência particular.

Algumas vezes, eu gostaria que os mestres espirituais do mundo Ocidental pudessem seguir a prática dos swamis (mestres espirituais) hindus, cujos discípulos chegam a viver com eles durante três anos. Então, às três horas da manhã, se o swami sente o clarão do Espírito, ele manda chamá-los para virem imediatamente. Quando se encontram, o swami fala e fala -- talvez até as cinco horas -- e depois eles voltam para a cama. Se, às sete horas, o swami sente que está pronto para falar outra vez, lá vêm os discípulos novamente. Eles nunca sabem a que horas do dia ou da noite serão convocados à presença do mestre para ouvir as pérolas da sabedoria divina que fluem de Deus através dele.

Existem momentos na experiência de cada mestre espiritual em que a verdadeira sabedoria se revela. Foi em um desses momentos, quando eu parecia estar em sintonia com o Espírito, que esta lição de misticismo me foi revelada: desde que eu seja conscientemente um com Deus, eu tenho de ser conscientemente um com a consciência individual de cada pessoa. Com certeza, todos aqueles que são parte da minha consciência têm de estar recebendo a mesma mensagem que eu. 

À medida que esta mensagem se revela através de mim, continuamente, eu anseio ser capaz de partilhá-la com meus discípulos no mundo todo, e essa revelação foi tão poderosa que eu não teria me surpreendido se alguns deles tivessem escrito comunicando que receberam a mesma mensagem ao mesmo tempo.

Aqueles de nós que seguem a trilha mística aprenderão, por fim, que não é realmente necessário usar palavras para revelar a sabedoria espiritual. Todos nós podemos receber as mensagens e comunicações necessárias à nossa compreensão da Sabedoria divina interior, porque elas não dependem do contato humano.


UNIÃO CONSCIENTE COM DEUS É UNIÃO COM TODO SER E IDEIA ESPIRITUAIS

Este é o milagre do misticismo. A sua união consciente com Deus torna tudo disponível neste mundo no momento em que você sente a necessidade. E ninguém pode afastar isso de você de modo algum -- ninguém. Mas isto só é verdade se você estiver seguindo a trilha espiritual. Unidade consciente com Deus é misticismo. A união consciente com Deus constitui sua unidade com todo ser espiritual e com cada ideia espiritual.

Por exemplo, o dinheiro é apenas um conceito humano, mas é um conceito humano de uma ideia divina, representando amor, gratidão, partilha, cooperação; é uma ideia espiritual que não pode vir a você porque ela já é uma ideia incorporada e uma atividade da sua consciência. 

Quando você se sente pressionado pelo dinheiro, uma das razões disso é que você o está procurando em alguma fonte fora de você, quando durante o tempo todo ele está oculto dentro da sua consciência. Ele já está dentro de você, mas você o está procurando em uma pessoa, lugar ou coisa.

Nas muitas histórias contadas sobre a procura do Santo Graal, aquela taça de ouro onde se supõe que Jesus tenha bebido no ato da Crucificação, os que o foram procurar sempre voltaram para casa empobrecidos e doentes, caindo de cansaço e de desânimo à sua própria porta. Em cada versão é contada a estória da pessoa que dá toda a sua vida e fortuna para a busca no mundo exterior, apenas para descobrir, em seu retorno ao lar, o tesouro procurado há tanto tempo: ela o encontra em seu jardim, talvez pendurado no ramo de uma árvore; ela estende a mão em sua própria mesa, e ele aparece.

A história do Santo Graal simboliza o tesouro oculto dentro da nossa própria consciência, dentro do nosso próprio ser, em virtude da nossa união com Deus. Esta é apenas uma outra maneira de declarar: Minha união com Deus constitui minha união com todo ser espiritual e com toda ideia ou coisa espiritual. Para mim isso representa uma das mais altas declarações da verdade espiritual. Isso está em meus escritos exatamente nessa linguagem simples, tão simples e direta que algumas pessoas não a reconhecem como "a pérola de grande valor".

Esta declaração: "Minha união com Deus constitui minha união com todo ser espiritual e com toda ideia ou coisa espirituais", está colocada como uma das mais altas declarações da verdade, declaração que o levará para mais perto do Céu na Terra do que qualquer outra.


A COMPREENSÃO NO PLANO INTERIOR APARECE COMO SATISFAÇÃO NO PLANO EXTERIOR

A mais alta declaração mística da verdade que conheço é: "O meu reino não é deste mundo" (João 18:36). Duvido que Jesus alguma vez tenha dito qualquer outra coisa de natureza mais mística do que isso. Ele pôde dizer mais tarde: "Eu venci o mundo" por sua compreensão de que "O meu reino não é deste mundo". Essa declaração nos liberta imediatamente do desejo de pessoa, lugares, coisas, circunstâncias ou condições. Ela nos torna livres do mundo de efeitos e nos possibilita viver em união consciente com a Causa, com Deus.

Se fôssemos demonstrar efeitos aos milhões, ainda estaríamos lidando com algo que poderia tornar-se pó em nossas mãos. Mas uma vez que consigamos a união consciente com a Causa, ou com Deus, então não temos mais interesses pelas coisas deste mundo, exceto desfrutá-las quando chegam. Então, ainda estamos no mundo mas não pertencemos mais a ele. Eu mesmo encontro prazer em muitas das coisas bonitas e desfrutáveis deste mundo, mas já não existe mais um apego exagerado por elas.

Não existe isso de tempo ou lugar onde teríamos menos do que a plenitude do reino, se uma vez conseguíssemos a consciência de que "Meu reino não é deste mundo". Mas precisamos estar sempre alerta para não ficarmos vinculados às coisas do mundo. Não se preocupe com "este mundo" -- este é o caminho místico. Não se preocupe com a carne -- este é o caminho do Espírito. Não se preocupe demais com a solução de qualquer problema -- o problema é apenas temporário.

Preocupe-se com o plano interior do ser. É no plano interior que fazemos contato com Deus. No plano exterior, contemplamos o resultado do trabalho feito no plano interior. Naturalmente, é possível que uma pessoa faça seu contato com Deus no plano interior, como o fazem muitos ascetas, muitos que se retiram do mundo e vivem em mosteiros e conventos; é possível fazer esse contato no plano interior, descartando de modo absoluto todo o mundo exterior e tendo uma vida interior feliz. Mas para a maioria de nós do Mundo Ocidental isso não parece muito natural ou certo, exceto para os poucos que conseguem alcançar esse plano interior e que podem fazer mais pela humanidade dessa maneira do que sendo parte do mundo.

Entretanto, para a maioria de nós, o que aprendemos no plano interior pode revelar-se a maior bênção para os que estão no mundo exterior. Por isso, enquanto não vem o chamado para deixar o mundo, devemos viver nele. Devemos partilhar com os que vivem neste mundo todas as profundidades que estão sendo sondadas em nossa vida interior.

É no plano interior, isto é, dentro do nosso próprio ser, que tocamos Deus, que tocamos a identidade espiritual de tudo o que aparece como pessoa, lugar ou coisa. Tocar a Realidade no seu íntimo faz com que ela se manifeste para nós no exterior -- como família, amigos, discípulos, atividades, ou até mesmo como livros para ler. É estranho que cada vez que toco uma nova nota íntima, alguém me dá um livro ou me recomenda um que me leva mais um passo adiante ou confirma algum ponto que já descobri no plano interior. Além disso, cada vez que alcanço um novo sentido interno, ele aparece exatamente como um novo amigo, um novo auxiliar ou uma nova atividade.

Não importando a atividade particular que você possa estar empenhado, entre em contato com Deus em seu interior e confie que esse contato lhe trará tudo o que é necessário para o seu desabrochar. Isso pode não acontecer no dia que você espera. Na verdade, isso pode ter de percorrer todo um longo caminho. Dê-lhe uma oportunidade de chegar até você. Além do mais, a pessoa necessária para a solução do seu problema pode não estar exatamente no momento preciso numa posição favorável para se tornar parte da demonstração.

Não estabeleça limites de tempo para essa demonstração. Encontre o reino de Deus dentro de seu próprio ser, faça contato e compreenda que agora você está dependendo de sua expressão interior para a sua demonstração exterior. Em primeiro lugar, você precisa fazer isso no plano interior e, depois, o plano exterior se encarregará do resto.

Continuo repetindo que a vida mística é aquela em que você é completamente independente de pessoas, de coisas ou de atividades no nível humano. Não obstante, é uma vida em que você nunca está separado de pessoas, de lugares, de coisas ou atividades, mas onde toda a solução é consumada dentro do seu próprio ser, através do seu contato com Deus e, depois, tornada visível como se houvesse uma mão invisível manipulando todas as cordas.

Os discípulos do Caminho Infinito não são apenas metafísicos que tenham encontrado alguma verdade que, como acreditam, lhes permite induzir a Deus -- controlar Deus -- a fazer o que desejam, nem mesmo encontrar algum meio secreto de obter de Deus o que não se pode ser conseguido de qualquer outra maneira. Eles não estão despendendo seu tempo fazendo afirmações ou negações, mas vivendo na compreensão consciente de Deus, tornando Deus uma parte tão consciente de sua vida como o fez Jesus, desde que o possam.


A SENDA MÍSTICA EXIGE O SACRIFÍCIO DO "EU"

Existem exigências espirituais para cada um de nós. Por exemplo, há uma exigência espiritual que me obriga a viver de modo a apresentar uma consciência limpa e clara para o mundo, sem interesse próprio ou fraude, sem qualquer coisa que separe essa mensagem de sua Fonte. Deus é tanto o criador como o mestre desta mensagem, e todos aqueles a quem Ele a confiou têm a obrigação e a responsabilidade de apresentar essa mensagem em sua pureza e totalidade.

É necessário um pensamento claro e uma vida limpa para ser o tipo certo de mestre: isso exige honestidade de propósitos; exige dedicação; exige mais do que um mero conhecimento intelectual da verdade. É verdade que a letra dessa mensagem já foi impressa em muitos livros e, portanto, qualquer pessoa pode tentar ensiná-la. Mas duvido muito que qualquer estudante se beneficie com tal ensino, salvo se por trás disso haja uma integridade espiritual. Por si próprias, as palavras não elevam a consciência de ninguém. Por si próprias, as palavras não transmitirão o espírito da verdade. As páginas não passarão de mais letras impressas para as bibliotecas do mundo.

É preciso a consciência de um indivíduo inspirado, ardendo de amor por Deus, para comunicar a verdade espiritual. O ensino espiritual não só exige um mestre dedicado, mas também, discípulos, pessoas que estejam dispostas a sacrificar tempo, dinheiro ou prazer em busca da verdade, pessoas que estejam ávidas para se sentarem aos pés do Mestre.

E o que é o Mestre? O Mestre não é nenhum homem! O Mestre é essa mensagem divina, essa verdade. Eis aí o mestre! E sentar-se a Seus pés significa realmente purificar a consciência de toda vontade própria, de todo desejo pessoal, deixando realmente tudo o que é seu no altar desta Verdade: "Tudo o que tenho de natureza material - tudo isso em conjunto - não vale sequer uma gota de verdade espiritual." Nesse estado de consciência purificada, você conseguirá receber, assimilar e responder à verdade do ser.

Quantas vezes Jesus nos disse que precisamos deixar tudo pelo Cristo? Quantas vezes ele apontou a infinidade de desculpas dadas: uma pessoa tem de enterrar um sogro; outra tem de se casar; e outra tem de tirar o jumento que caiu numa valeta. Quantos foram convidados para a festa - e não puderam ir? Tantas outras coisas a fazer! Tantas outras obrigações! Mas receber a Luz divina significa oferecer a si próprio no altar da verdade espiritual. Significa sacrificar todo o sentido do eu - todo o sentido egoísta ou desejo de ganho pessoal.

Na verdade, não há necessidade de lutar pelo ganho pessoal porque a verdade espiritual abençoa a um e a todos do mesmo modo. Quanto mais você dá, mais você tem. E assim é, quer no momento a pessoa esteja ensinando e comunicando a verdade espiritual, quer seja temporariamente o discípulo; quanto mais ela der, tanto mais receberá. Eu nunca pronunciei ou escrevi uma palavra que não me elevasse, porque o que falo ou escrevo não vem do meu intelecto humano. Não é alguma coisa que eu tenha feito. É uma comunicação que me vem no momento em que falo e tem tanto significado para mim quanto para os que me ouvem, talvez mais, porque posso apreciá-la melhor, conhecendo as profundezas de onde vem. Eu conheço as noites de vigília e a dor muitas vezes necessária para expor a verdade profunda.


Continua...










sábado, 29 de abril de 2017

Manifestar Deus, e mais nada - Joel Goldsmith








Abracemos a Deus - O INFINITO INVISÍVEL - PRESENTE AQUI E AGORA - pela alegria de experiência-Lo e pela possibilidade de ver o que ele faz.

Podemos neste momento dar um passo importante: abrir mão dos desejos.

Desistimos dos desejos de qualquer forma de bem. 


A partir de hoje, nos permitimos ter apenas um desejo de ter a experiência de Deus - a Essência Única subjacente às formas transitórias.


O Princípio Fundamental de todo o Caminho Infinito é manifestar Deus - não pessoas, coisas ou situações. Ele nos ensina que o nosso primeiro direito é o de manifestar o Espírito de Deus - como o Ser que somos. Percebemos primeiro o Reino de Deus - no Aqui e Agora e todas as pessoas, coisas ou situações nos serão acrescentadas.


Devemos ter a certeza de que estamos buscando exclusivamente a percepção da graça de Deus e procurando estar no Espírito do Senhor, ou seja, procurando Perceber que o Espírito de Deus - A Essência Única - é o Nosso Espírito aqui e agora. 


Onde está o Espírito do Senhor aí está a Liberdade de toda limitação, de toda discórdia e de toda desarmonia.


Toda manifestação deve ser a Percepção de Deus, a manifestação de Deus, a Consciência da Presença de Deus como o Ser que somos no Agora Eterno.


Percepção é manifestação. A Percepção da Atividade de Deus na Consciência é que faz com que todo o bem espiritual apareça.


A Percepção da graça de Deus como nossa suficiência aliada a uma Verdade Espiritual gera a manifestação. Apenas dizer: "Ele aperfeiçoa tudo o que diz respeito a mim", não fará nada por nós, mas a percepção dessa verdade instantaneamente a tornará real em nossa experiência.


Percepção é manifestação, mas deve ser uma percepção do Reino de Deus, da Atividade, do Espírito, da manifestação de Deus como Único Poder, Única Substância e Única causa, como o como tudo em tudo no Agora Eterno. Percepção de Deus é manifestação.


Se conhecermos a letra correta da Verdade, se entendermos que a vontade de Deus é o Amor, é a vida eterna, se soubermos que a vontade de Deus é que nós experimentemos Sua Imortalidade e a infinitude do Seu Ser, não nos preocuparemos em expor nossas necessidades a Ele.


Viveremos na constante tentativa de perceber e compreender Deus cada vez mais profundamente, aquele Deus - Essência Única - que é o nosso próprio ser, Aqui e Agora.


Basta a alegria de comungar com Ele: 
Pai, tudo que eu quero é a minha relação contigo, a consciente percepção do Cristo - a Essência Espiritual Única - por nenhuma razão especial que não seja a alegria de estar aqui com Ele.


Cristo - o Infinito Invisível - vive minha vida.


No momento que eu tenho Cristo, que Percebo a Essência Espiritual Única como o Ser que Sou, não vivo minha própria vida, a responsabilidade está sobre os ombros Dele.


A partir de agora tudo o que tenho a fazer é ir para onde Ele me levar, em verdes pastagens, junto às águas tranquilas.


Fazer contato com Cristo - O Infinito Invisível, sem nenhum outro desejo a não ser experiência-Lo como o Ser que Sou é a maior forma de manifestação que existe sobre a terra.








sexta-feira, 28 de abril de 2017

Ensinos do Caminho Infinito - 2/2 - JOEL GOLDSMITH









ABANDONANDO A ORAÇÃO QUE PEDE A UM DEUS ESPIRITUAL PARA QUE TRANSFORME UM UNIVERSO MATERIAL

Deus é Espírito. E se Deus é o princípio criativo do universo, então este universo é uma criação espiritual e não física ou corpórea. Se isso é verdade, é tolice orar ao espírito de Deus para que faça algo por um universo físico que não tem qualquer existência real.

Estamos sonhando quando oramos a um Deus espiritual para que mude alguma espécie de matéria ou estrutura física. Deus não estará naquele cenário. 

A oração correta seria: "Desperta tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te aluminará" (Efésios 5:14). Então, tudo o que é necessário para nos despertar do sonho de um universo físico ou mecânico nos despertará, e começaremos a tomar consciência da herança a nós legada como filhos de Deus, fruto do Espírito eterno e imortal.

Necessitamos de mais pessoas a quem possamos recorrer, as quais não tentarão diminuir uma febre, remover um tumor, sanar a paralisia ou deter a insanidade. Pelo contrário, elas compreenderam que Deus é Espírito, que o fruto de Deus é espiritual e que naquilo que foi criado "nada que o contamine, abomine ou seja mentira penetrará" (Apocalipse 21:27).

Os alunos de O Caminho Infinito, não tratam o corpo do ponto de vista orgânico. Este é um universo espiritual, e somente Deus é poder. Seria ateísmo temer qualquer forma de matéria. É aceito que nem tudo é espiritual. Tentar mudar o universo material ou tentar interferir humanamente naquilo que vem ao mundo não nos levará a parte alguma. Não haverá paz permanente ao combater os males do mundo com as armas do mundo. 

O meio não é "nem por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito"(Zacarias 4:6), "neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parado e vede o salvamento que o Senhor vos dará"(II Crônicas 20:17). Nem as armas mentais nem as armas físicas deste mundo constituem poderes. Se fossem ou se não houvesse ninguém para provar que elas não são, o mundo estaria perdido.

Mas de quem é a responsabilidade? Ela não é daqueles que conhecem a verdade e estão despertos para mostrar que os males do mundo não constituem poder? Mas estes males não podem ser detidos, exceto pela compreensão de que aquilo que se declara como grande poder é puro nada e sem poder algum. Nós não podemos esperar para fazer isso, a não ser que estejamos dispostos a nos anularmos no tempo e ficarmos sentados a observar os nossos pecados e as enfermidades -- olhar bem e reconhecer que:

Você não é força: você é o espírito carnal ou o nada; você é o "braço de carne" ou o nada. 

Você não poderia ter força a menos que ela viesse de Deus, pois não há força, mas Deus. Deus é a vida de todo ser, a imortalidade e a eternidade. 

Deus é a única lei, o único legislador. Não há lei da matéria; não há lei da enfermidade. Força material não é força: é uma declaração de força. Deus, Espírito, é força; e o Espírito é infinito, toda a força.

A menos que sejamos específicos em nosso conhecimento da verdade, específicos em nossa compreensão de que somos seres em confronto com as sugestões de forças mentais e físicas, que não são forças, elas continuarão a ser forças até que tenhamos a compreensão de suas impotências.

Na maior parte de nosso trabalho, as curas vêm rápidas e alegremente. O princípio envolvido é a compreensão de que 'acreditar que a força material é força, nada é senão ateísmo'. Deus é Espírito e força espiritual é a única força verdadeira. Qualquer outra declaração de força pode ser invertida ou anulada. Testemunhamos isso na cura de cada tipo de problema. As formas de matéria, as formas de corpo físico se transformam onde é necessário e, onde é necessário, novas partes do corpo crescem porque o Espírito é a substância fundamental e a realidade de todo efeito.

Na presença da realização espiritual, a materialidade não é força. Se ela aparece como infecção ou contágio, se aparece como hipnotismo ou o produto do hipnotismo, é o espírito carnal ou o "braço de carne". Portanto, não é nada, pois o Espírito é tudo e o real e o eterno. O Espírito é a lei.

Por causa da ação do Caminho Infinito pelo mundo todo e sobretudo por causa do próprio mundo em seu estado presente, é importante que todo aluno do Caminho Infinito sente-se e comece a fazer alguma ação saudável para provar que o pecado, a enfermidade e a morte não são realidades da vida. Provar que as leis mentais e físicas não são força, tornará possível um trabalho maior de anulação de todas as formas de hipnotismo, que parecem emanar dos indivíduos em altas posições e manter as pessoas na servidão. Devemos anular toda declaração de força mental ou física onde quer que a encontremos. Devemos aceitá-la como um compromisso de que, aonde quer que nossa atenção for atraída, por força física ou mental, nos sentaremos calma e pacificamente e compreenderemos que "nem por força, nem por violência, mas pelo Espírito de Deus", tudo isso se tornará nulo e vazio.

Em qualquer lugar que possamos estar, esse será solo sagrado, o lugar que Deus nos concede para nosso culto. Nosso culto consiste na concepção do Espírito invisível como a lei e a causa de tudo o que existe. Através dessa concepção, sem usarmos de poder mental ou de força física, toda declaração de natureza ateística pode ser descoberta e destruída. Ela é destruída, não pela luta, não pelo conflito, não por pedir a Deus para fazer alguma coisa, mas pela concepção calma, pacífica, suave: "Obrigado, Pai, este é o Seu universo espiritual, completo e total".

Algo mais que possa ser necessário conhecermos será dado de dentro de nós mesmos. Uma vez que alcancemos ou consigamos estar calmos e quietos, teremos apenas que começar o fluxo com alguma dessas verdades que conhecemos. Mas a força real e o tratamento verdadeiro virão de dentro de nós para nós mesmos. O que nos é comunicado de dentro é o Verbo vivo, nítido e poderoso.


A LIBERTAÇÃO DO PODER ESPIRITUAL


No caminho Infinito, deixamos para trás a crença teológica em um Poder divino que faz as coisas por engano ou por mal, um Poder divino que combate o mal, o pecado ou a enfermidade, e aceitamos como verdade o princípio místico de que o Espírito é onisciente, onipotente e onipresente, além do qual não há mais nada. 

O que temos que demonstrar, portanto, é que na presença da força espiritual não há os poderes do pecado, enfermidade, necessidade, acidente, infelicidade ou qualquer outro tipo de miséria humana. Estas coisas negativas podem existir apenas na ausência da força espiritual.

As trevas só podem existir na ausência da luz. 

A força espiritual é frequentemente descrita como Luz: a Luz do mundo, a Luz que ilumina o caminho, a Luz que ilumina nossos passos. 

Em toda literatura mística de qualquer parte, a Luz tem sido o símbolo da presença e da força espiritual. Esta força nunca combate as trevas. A Luz, que é o Cristo, nunca luta contra qualquer forma de discórdia.

Jesus nunca lutou contra o pecado , perdoou-o. Ele nunca combateu a doença, debateu com ela ou contra ela. Disse: "Levanta-te, e toma teu leito, e anda". Só há um registro, na Bíblia, de sua resistência ao mal e que é quando ele expulsou os "cambistas" do templo. Minha crença pessoal é que foi essa a sua maneira de dizer a seus discípulos que nós temos que expulsar de nossa consciência todas as qualidades negativas e destrutivas. 

A consciência é o templo. As crenças negativas, supersticiosas, más, sensuais ou luxuriosas são os cambistas. Elas representam o sentido materialista que devemos banir de nossa consciência.

Afora o encontro de Jesus com os cambistas, o Mestre ensinou: "Não resistais ao mal". "Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão". A Luz do mundo não debate com as trevas, não luta ou tenta de qualquer modo afastar as trevas.

A Luz, sendo a Luz, não pode ser extinta por qualquer tipo de trevas.


"Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade". Não diz: onde há o Espírito do Senhor, "há uma batalha", ou onde o Espírito do Senhor está, "há uma luta contra o pecado". Pelo contrário, onde o Espírito do Senhor está, há paz, há liberdade. "Na tua presença há abundância de alegrias"(Salmos 16:11). Certamente, isso não indica batalhar ou lutar ou qualquer sentido de conquista. Antes, indica que onde Deus é compreendido há paz, porque nada há a combater. A Luz não combate as trevas e na presença dela não há trevas, pecado, enfermidade, morte, necessidade, limitação, relacionamentos humanos infelizes. Se nós aceitamos isso como um princípio, demonstraremos força espiritual, a presença de Deus, e isso é tudo. Mas a elaboração deste princípio, em nossa experiência diária, é um assunto individual. Não há fórmulas, não há possibilidade de formular um meio específico de demonstrar isso.

O Mestre deu-nos o princípio da não-resistência, mas não nos mostrou como é feito. Depois que tivermos o princípio, cabe-nos ver como criá-lo na experiência diária e provar que na presença dessa força espiritual concebida, o poder temporal, quer de natureza material, mental, moral ou financeira, não é uma força. De fato, nem mesmo existe na presença dessa Luz espiritual que somos.


A DESCOBERTA DA NATUREZA DO PODER ESPIRITUAL

Quando nos lembramos de que o princípio do poder espiritual foi dado ao mundo há quase vinte séculos, não podemos ser tão orgulhosos daquilo que foi realizado espiritualmente neste século. Na verdade, muito mais foi demonstrado durante os últimos setenta e cinco anos, do que nos mil e novecentos anos anteriores, e nos dá esperança e coragem de prosseguir e compreender que, mesmo não tendo alcançado plenamente, pelo menos estamos no caminho que leva à realização da natureza do poder espiritual.

Quando individualmente chegarmos a compreender isso, cada um de nós estará fazendo uma avaliação do trabalho de cura de nós mesmos e dos outros. Estaremos levando uma norma de paz, saúde e felicidade para a vida de outros, mas somente na medida que individualmente resolvermos o mistério do poder espiritual. Se um indivíduo compreende a natureza do poder espiritual, pode levar um pouco de harmonia a milhares de outros, mas será apenas um pouco de harmonia. Ninguém pode levar harmonia completa a outro. Isso é algo que cada um de nós deve fazer ao expulsar os cambistas de nossa própria consciência.

Todos nós temos cambistas em nossa consciência, no sentido em que todos nós temos alguma crença arraigada em duas forças: na enfermidade física e na saúde física, na enfermidade moral e na saúde moral, ou na enfermidade financeira e saúde financeira. Esses são os cambistas que expulsamos, não combatendo, "não por força nem por violência", mas pela compreensão. Essa compreensão vem ao nos perguntarmos como podemos levar poder espiritual à nossa experiência, à experiência do mundo, à nossa família, à nossa comunidade, aos nossos negócios ou atividade profissional e ao nosso governo.

A verdadeira pergunta que temos de fazer a nós mesmos é qual a intensidade de nosso desejo de conhecer Deus, de conhecer a força e a presença espirituais. Qual a medida de nossa fome e sede de realização espiritual? Poderíamos formulá-la deste modo: "Que importância tem nosso problema?". Para aqueles que ainda têm um bom comportamento físico e financeiro, a questão de conhecer a Deus pode provavelmente esperar até o próximo ano, o ano seguinte, daqui a cinco anos ou até que comecem a envelhecer. Mas, para aqueles que têm problemas de natureza suficientemente profunda ou séria, agora é a vez de buscar uma compreensão da natureza da força e da presença espiritual.

Quando compreendemos a natureza do Espírito, nós não temos que saber o que fazer com Ele. Não temos, absolutamente nada a fazer com Ele. Ele realiza Seu próprio trabalho. Uma vez que alcançamos a presença de Deus, essa Presença estabelece harmonia. Uma vez que atingimos a compreensão da natureza da força espiritual, somos a Luz e não há trevas a dissipar.

Mas como manifestamos ou expressamos a Luz espiritual e compreendemos a força espiritual? Qual a natureza da Luz espiritual? Qual é a natureza da sabedoria espiritual? Alcançando essa sabedoria, nada mais temos a fazer. Não temos que empregar a sabedoria espiritual quando a possuímos. "Na tua presença, há abundância de alegrias", abundância de Luz e, nessa Luz, não há trevas. Nunca precisamos nos preocupar com a cura das doenças ou como vencer o pecado ou a necessidade. Temos apenas uma preocupação: conhecer a Deus, conhecer a natureza da presença e da força espirituais, transformar esta Luz do mundo em manifestação. Além disso, nada temos a fazer a respeito do pecado, enfermidade, necessidade ou limitação, porque na consciência da força espiritual esses problemas não existem.


ELEVANDO-SE ACIMA NO NÍVEL DO PROBLEMA

Recentemente recebi uma carta contando-me sobre uma parte dos bens imóveis que o proprietário queria vender, explicando-me como esta venda faria feliz e beneficiaria alguém. Imediatamente ocorreu-me que no reino de Deus não há bens imóveis. Não podemos levar um problema de bens imóveis a Deus, porque não há bens imóveis ou problemas de bens imóveis em Deus. Um bem imóvel não pode ser vendido pensando-se nele. Não podemos encontrar o problema no nível do problema. Devemos reconhecer que, se Deus não sabe nada sobre bem imóvel, isso não é da nossa conta. Tudo o que somos obrigados a fazer é conhecer a Deus, trazer à luz a força espiritual em nossa consciência.

Quando as pessoas me escrevem sobre emprego, conscientizo-me de que no reino de Deus não há emprego; não há patrão e não há empregado. Às vezes, de um ponto de vista metafísico, diz-se que Deus é tanto patrão como empregado; mas, em Deus, só há Espírito. O que estão fazendo é tentar remendar nosso conceito de paraíso, e no paraíso não há patrão nem empregados.

"O Meu reino não é deste mundo"(João 18:36). "Meu reino" não inclui bens imóveis ou emprego. "Meu reino" contém a graça de Deus. Então, o que é "Meu reino" que não é deste mundo? Eis uma pergunta a ser respondida no âmago da consciência. Tudo o que sabemos sobre o reino de Deus é que o Novo Testamento diz que ele não é deste mundo. Tudo o que sabemos sobre a paz espiritual é que este mundo não pode oferecê-la. Se pensamos que vamos resolver nosso problema e encontrar paz vendendo os bens imóveis ou conseguindo emprego, tudo o que estamos fazendo é nos perpetuar no sentido humano da vida, ao passo que, se pudermos descobrir dentro de nós mesmos a natureza do poder espiritual, descobriremos o grande segredo da vida.

Sempre houve diferentes formas e diferentes graus de força material no mundo, desde o arco e flecha até a bomba atômica. No século passado, também se levantou a questão da força mental e de como fazer uso dela: como praticá-la para ganhar amigos, influenciar e controlar outras pessoas. Mas em relação à força espiritual, estamos lidando com uma força desconhecida do espírito humano, porque este último não pode compreender ou receber a sabedoria espiritual. O sujeito do poder espiritual é uma quantidade desconhecida para a mente humana. 

É importante compreender que, em tratando-se da presença espiritual, devemos relaxar na experiência de que "não sou eu quem percebe a Verdade". "O homem natural, o espírito carnal, não está sujeito à lei de Deus, nem, em verdade, pode estar"(I Coríntios, 2:14).

A mente humana não pode conhecer a lei de Deus. Como, então, eu e você havemos de conhecê-la? Primeiro temos que parar de pensar em termos de bens imóveis, empregos, febres ou germes, necessidade ou abundância, enfermidade ou saúde, pureza ou pecado e todas as coisas que dizem respeito a "este mundo" e ao ser humano. Temos que nos voltar para o nosso interior: Qual é a natureza da minha identidade com Cristo? Qual é a natureza do meu Eu criado à imagem e à semelhança do Deus?

A NATUREZA DA INDIVIDUALIDADE ESPIRITUAL
Ninguém duvida por um instante de que alguma parte de nós foi feita à imagem e semelhança de Deus. Alguma parte de nós deve ser divina; alguma parte de nós deve ser a filha espiritual de Deus que recebe as coisas d'Ele e conhece o Pai face a face. Há alguma parte de nós que pode dizer: "E vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim", "eu tenho presença e força espirituais".

A tarefa de cada um de nós é voltar-se para dentro da questão: Qual é a natureza da minha individualidade espiritual? Qual é a natureza da minha filiação, minha filiação espiritual, minha filiação divina? Qual é a natureza do "mim" que Deus criou à Sua própria imagem e semelhança? Qual é a natureza do filho de Deus, a quem o Pai diz: "Filho, tu estás sempre comigo, e todas as coisas minhas são tuas"? (Lucas 15:31). 

Deus não o diz isso a mim como ser humano, porque na condição de homem eu não tenho todas as graças, oferendas, saúde e harmonia de Deus.

Mas há uma parte de mim que recebe as graças divinas de eternidade a eternidade. O amor de Deus não muda; as dádivas de Deus são eternas. Assim, sondamos profundamente nosso interior para o mistério da vida, e cada um de nós deveria mergulhar dentro de si e perguntar: "Quem sou? O que sou? Quem sou à imagem e semelhança de Deus? O que sou à imagem e semelhança de Deus? O que sou como filho de Deus? No que me concerne o que está recebendo a graça de Deus de eternidade a eternidade, e que nunca esteve e nunca estará sem ela? Que parte de mim é a individualidade espiritual, que é herdeira de Deus, que vive "não por força nem por violência", mas pelo Espírito de Deus que está em mim? Essa é a natureza de nossa busca e o que ela deve ser.

Na presença da soberania com que Deus nos dotou, não há problemas, pecados, necessidade ou doença a superar. "Nem a morte, nem a vida... poderá nos separar do amor de Deus"(Romanos 8: 38-39). Do ponto de vista de nossa condição humana, estamos todos separados do amor de Deus. Então, o que é esta pessoalidade de Cristo em nós que nunca pode ser separada do amor de Deus, do ser infinito de Deus? Vamos começar a descobrir a natureza da pessoalidade de Cristo e da soberania que Deus nos deu no princípio, que nunca foi tirada de nós e que ainda temos em nossa identidade espiritual.

Qualquer que seja a medida da qualidade messiânica que trazemos à luz, torna-se uma lei de restabelecimento para as pessoas que se voltam para nós. 

Qualquer que seja a medida de autonomia espiritual que podemos alcançar, resolve e dissolve os problemas dessas pessoas. 

Qualquer que seja a medida da sabedoria ou graça divina que pode ser revelada em nós, torna-se uma lei de harmonia e paz para elas. 

Na medida da realização da sua qualidade messiânica, elas, por sua vez, se tornam uma lei de harmonia na família e na comunidade. 

Finalmente, sua influência propaga-se mais longe no mundo na razão da medida de realização da natureza de sua individualidade espiritual, da natureza de sua autonomia espiritual e da natureza da Luz espiritual que são.

Se pudermos trazer à luz alguma medida de realização de nossa natureza cristã, de nossa individualidade cristã, e alguma medida de realização espiritual com a qual fomos dotados no princípio, teremos uma enorme influência em nossa comunidade e no mundo inteiro.

Somos pioneiros na tarefa de levar a natureza do poder espiritual a incidir sobre os eventos humanos. Como alunos do Caminho Infinito, nossa função principal é apreender a natureza do poder espiritual e então levá-lo para efetiva experiência na terra. Quando inicialmente chegamos a um meio de vida espiritual ou metafísico, nosso principal objetivo foi encontrar soluções para nossos próprios problemas. Não há nada de erado nisso. Era assim que tinha de ser, porque ao encontrar um meio de resolver nossos próprios problemas, aprendemos que recebemos suficiente força espiritual para auxiliar os outros a resolver os seus.


A EVIDÊNCIA DO PODER ESPIRITUAL

Ocorre um fato estranho neste estágio de nosso desenvolvimento. Começamos a ver que já não é necessário estar trabalhando em nossos próprios problemas porque, primeiro, temos tão pouco deles e, segundo, nossos problemas têm um modo de desaparecer sem qualquer reflexão pessoal sobre eles; assim, nossa vida finalmente é gasta em função dos outros. Abandonando nossos próprios problemas e devotando-nos aos outros, já não temos problemas e os poucos que aparecem são rapidamente solucionados. Este é um princípio de vida.

Podemos dar um passo além e descobrir que atrás desse princípio há um ainda maior: nossas necessidades são encontradas na proporção de nossas dádivas. Nossas dádivas espirituais constituem a verdadeira substância e atividade de nossas provisões. Quanto mais damos, mais temos; quanto mais exercemos nossa autonomia, mais autonomia temos. Este princípio espiritual age em cada nível de nossa existência.

Entra nisso um princípio ainda maior: quanto mais consciência da dádiva tivermos, menos evidência há do eu. Logo aprendemos também que a eliminação total de nossos problemas vem com a eliminação de nosso pequeno eu, essa individualidade pessoal. Abandonando isso, alcançamos o estado de consciência de nosso verdadeiro Eu.

Se você me pedisse ajuda, eu estaria pensando em termos de presença espiritual, força espiritual, sabedoria divina e vida divina. À minha consciência, chegaria a verdade de que Deus constitui ser individual: Deus constitui seu espírito, sua vida, sua alma; Deus é a lei para o seu ser. Deus é o legislador. Deus é a atividade para sua experiência. E, porque Deus é infinito, nenhuma outra força pode permanecer como "força". Todas as outras forças se dissolvem na luz da Luz.

Pela verdadeira natureza do filho de Deus, deve haver uma ausência de pecado, morte, necessidade e limitação. O filho de Deus ressuscitado é a Luz do mundo. Portanto, se o filho de Deus é concebido aqui e agora, a Luz do mundo é reconhecida aqui e agora. E neste reconhecimento da Luz, os gritos de socorro seriam ouvidos e a liberdade se manifestaria. Mesmo que não tivéssemos dado atenção a nós mesmos em qualquer parte desta oração, meditação ou tratamento, se o Cristo é compreendido, nossos próprios problemas teriam que desaparecer no mesmo instante que os deles, porque incluiríamos ambos naquela Luz. Não poderíamos manifestar a Luz e estarmos nós mesmos separados dela.


A COMPREENSÃO DA PRESENÇA DE DEUS COMO ONIPRESENÇA

Assim como nós reconhecemos a Onipresença, isto é, a presença de toda a sabedoria e conhecimento espiritual, reconhecemos que ela não pode ser confinada em uma sala ou lugar. Nosso Cristo concebido tem um modo de penetrar pelas fendas, entrando pela parede assim como o Mestre. 

Quando anunciamos a Onipresença, isto é, a sabedoria espiritual infinita, não estamos falando simplesmente sobre a sua ou a minha sabedoria. Estamos falando sobre a Onisciência, toda a Sabedoria, e que teria que ser a sabedoria de todas as pessoas em toda parte de nossa cidade, comunidade, nação e mesmo do mundo.

Quando estamos em oração ou meditação, não estamos sentindo a presença de Deus em nós, mas a Onipresença, toda a Presença, em toda parte igualmente. 

Desse modo, não podemos perder de vista nossa individualidade pessoal no reconhecimento de nossa Individualidade divina, que é a Individualidade de cada indivíduo. 

E, assim, podemos trazer a Individualidade divina para perto de nós. Então, em toda parte, há maior evidência de uma Sabedoria divina, um Poder divino, uma Presença divina, mesmo que a maioria das pessoas não saiba por que, como ou para quê.

Há uma razão espiritual para isso, que é importante compreender. Todo mundo na face da terra, sem exceção, está buscando a Deus ou um conhecimento de Deus. Não faz diferença como a pessoa falaria dessa busca, mesmo que ela fosse negativa por afirmar que não existe Deus. Mas isso seria como algumas pessoas que assobiam, quando andam pelo cemitério. Elas assobiam porque estão tentando se convencer de que não há fantasmas. Entretanto, com o assobio, elas estão evidenciando o seu medo ou sua crença neles. Uma razão pela qual os ateístas negam a existência de Deus é que eles acreditam que há um Deus que não querem encarar; sem levar em conta nossos os amigos ateístas por enquanto, se uma pessoa é católica, protestante, judaica, vedantista ou um seguidor de qualquer outra religião, há uma busca, uma ânsia, um impulso interior para conhecer e encontrar Deus. Se não houver nada mais, há a esperança de que Deus possa revelar-Se ou fazer-Se evidente. É esse desejo secreto do coração que torna todo indivíduo receptivo à oração e meditação, onde quer que vá. No íntimo, ele está desejando alguma orientação divina no sentido de saber o que é direito, o que é necessário ou o que há no futuro. Todo mundo deseja ardentemente conhecimento maior do que o seu próprio, sabedoria maior do que sua educação ou experiência têm dado. Enquanto este impulso estiver dentro do indivíduo, ele está orando e, enquanto ele estiver orando, haverá uma resposta à sua súplica.

Nossa oração pela paz é uma súplica de orientação espiritual. Enquanto estivermos conseguindo algo maior do que nós mesmos, receberemos orientação. 

Mas enquanto estamos recebendo orientação, nossos próprios problemas terão desaparecido porque a natureza deles foi, antes de tudo, uma ilusão. E nossa habilidade para ignorá-los e voltar para a realidade espiritual deu a essa inexistência uma oportunidade para dissolver-se no nada que é. É só enquanto estamos tratando de problemas que os perpetuamos. 

É este o motivo pelo qual em nosso trabalho nos desviamos do problema, para a realização do estado de consciência espiritual, isto é, a realização interior da identidade, da lei e da vida espirituais. Então, quando abrimos os olhos, o problema foi embora ou está de saída.

Neste estágio de nosso desenvolvimento espiritual, enquanto ainda queremos ver nossos pecados individuais, doenças e necessidades desaparecerem, sabemos, pelo menos, que eles desaparecerão apenas na proporção em que pudermos afastar nossa atenção deles e começarmos a compreender a Onipresença da Graça infinita. Não há uma Graça divina que trabalha para você e para mim. 

A Graça divina é infinita em sua natureza e age em favor dos filhos de Deus, universalmente. Quando uma pessoa pergunta por que esta Graça sonega alguma coisa dela, é porque não está afinada com ela e não compreende a natureza universal da Graça.










quinta-feira, 27 de abril de 2017

Ensinos do Caminho Infinito - 1/2 - JOEL GOLDSMITH





O ENSINAMENTO DE JESUS

O Caminho Infinito fundamenta-se no ensinamento de Jesus, que é minha autoridade e, mesmo sendo verdade que grande parte desse ensinamento possa ser encontrada em algumas da Escrituras orientais que remontam a três ou quatro mil anos da era cristã, em nenhum momento ele foi tão claramente afirmado ou tão claramente demonstrado como o foi por Jesus. 

Portanto, embora eu goste de ler as antigas Escrituras, não há outra abordagem senão a de Jesus, que é tão definitiva, completa ou fácil para a aceitação dos discípulos do mundo ocidental, porque o ensinamento de Jesus é realmente parte de nossa consciência ocidental. 

A autoridade para praticamente tudo que O Caminho Infinito ensina é encontrada no novo testamento, particularmente no Evangelho de João e nos escritos de Paulo.

Os três ensinamentos absolutos mais conhecidos no mundo são os de Buda, os de Shankara e os de Jesus. O ensinamento real de Buda quase se perdeu completamente na religião que agora se chama Budismo. Na verdade, seria tão difícil encontrar o ensinamento original de Buda na maior parte do Budismo de hoje como o seria encontrar o ensinamento de Jesus em algumas igrejas cristãs. 

Em muitas igrejas há uma negação real e aberta do ensinamento do Cristo. Pense por um momento em quantas igrejas é encontrada a prática de orar pelo inimigo? Em que igreja, durante a Primeira ou a Segunda Guerra Mundial, houve orações pelo inimigo? Que igreja ensinou os soldados a rezarem diariamente pelos que os perseguiam? Quem ensinou os membros das congregações que os que vivem pela espada devem morrer pela espada? Quem revelou o significado espiritual da recusa de Jesus em permitir que Pedro o vingasse cortando a orelha? Quem ensinou o mandamento: "não matarás"?


Lembre-se, portanto, que, ao discutir o ensinamento de Jesus, não é o ensinamento de Jesus como é apresentado por meio de qualquer igreja que está sendo discutido, mas o ensinamento com base no Novo Testamento, sem a opinião ou interpretação de pessoa alguma, apenas o ensinamento de Jesus conforme se acha literalmente estabelecido por seus seguidores. Somente através do desenvolvimento da consciência espiritual, exemplificada por Jesus, é que todas as nações serão finalmente capacitadas a pôr de lado suas espadas e a transformá-las em relhas de arado.


Você talvez questione se alguém pode ou não cumprir um ensinamento tão exigente quanto este, mas isso é possível -- individual e coletivamente. Você pode começar agora a seguir o ensinamento do Mestre perdoando seu inimigo e orando pelos que o perseguem; e se você, como indivíduo, pode fazer isso, o mundo também pode fazê-lo.


Uma das maiores leis da Bíblia é a lei do perdão, de orar pelos seus inimigos. Mas o perdão não significa olhar um ser humano, lembrar a terrível ofensa que ele cometeu contra você e perdoá-lo por isso. Não há virtude nisso. O verdadeiro perdão é a capacidade de ver, através de sua aparência humana, a Divindade de seu ser, e compreender que na Divindade do seu ser nunca houve, como agora não há, erro de qualquer natureza. É como se essa pessoa lhe pedisse ajuda e, ajudando-a, você a visse como ela realmente é, como um ser espiritual puro. Isso é perdoar.

A cada dia somos chamados a olhar todos aqueles contra os quais temos qualquer sentimento negativo como seres espirituais e praticar esse ato de perdão. Isso significa voltarmo-nos para o Cristo de nosso próprio ser e saber que lá não existe outra coisa além do amor. Nunca houve um ser mortal, e tudo o que se parece com um mortal não é senão o próprio Cristo visto erroneamente.

Assim como perdoar, orar por nossos inimigos é uma das grandes leis da vida e da Bíblia. Isto não quer dizer que estamos desamparados perante o inimigo: isso realmente significa que somos capazes de compreender Deus como a vida e a mente do homem individual e saber que não existe outra mente além dela. As aparências nada têm a ver com isso. Não estamos lidando com as aparências. Estamos lidando com a realidade do ser.


UNIDADE: O TOM FUNDAMENTAL

O ensinamento mostra que você precisa contatar Deus individualmente. Deus precisa tornar-se real e vivo para você em sua vivência, e o propósito desse trabalho é elevar a consciência a esse ponto. "E eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos até mim"(João 12:32). No momento em que entro em contato e sinto a presença de Deus, nesse momento, todos os que estão na faixa de minha consciência precisam sentir isso e ser elevados. Por fim, eles serão elevados para aquela altura onde eles próprios farão o contato e terão a compreensão de si próprios. Se houver qualquer mistério neste ensinamento, este é o grau em que você pode abrir sua consciência para o influxo da presença de Deus, para a percepção de Deus ou do Cristo; nesse nível você pratica e finalmente demonstra isso.

O Caminho Infinito não é mais uma abordagem metafísica destinada a eliminar a moléstia, a demonstrar um automóvel ou a saúde, ou adquirir qualquer coisa material. Seguir essa trilha envolve uma disposição de não se preocupar por sua vida, pelas coisas que você come ou bebe, ou com o que estará vestido. É uma tentativa de procurar a consciência do Infinito e a ausência de alguma coisa. Assim, na consecução da consciência da presença de Deus, do mesmo modo você consegue todas as coisas juntas – todas as coisas que estão em Deus e são de Deus.

A mais alta demonstração foi expressada por Jesus quando ele disse: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... O Pai que está em mim é quem faz as obras". Estou certo de que Jesus não queria dizer que havia duas pessoas, Jesus e o Pai. Quando usou o termo "Pai", quis dizer a essência divina, a presença ou lei do Infinito. Isso foi o que ele quis significar pelo uso da palavra Pai, e esse é também o nosso significado.

Ao reconhecermos Deus, ou um Pai divino, não estamos reconhecendo alguma Pessoa nem mesmo algum Ser ou Poder fora de nós. Isso seria dualidade e seria fatal. Nós reconhecemos: "Eu sou o único. 'Eu e meu Pai somos Um' e eu sou esse Um. Isto que eu sinto correndo através de mim é o Pai, e Ele é maior do que eu, maior do que minha condição humana".

"E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim". 

Quando Paulo fez essa declaração, ele não estava pensando em um homem chamado Jesus, nem em alguma espécie de ser separado dentro dele. Ele compreendia e sabia o que significava o Cristo, o Messias, o Salvador, a Essência, o Poder, a Lei, a Presença.


Em verdade, Ele tem o vigor, o poder e o domínio de um pai, o amor e o carinho de uma mãe e a compreensão de um amigo. Porém, mais do que isso, Ele é a Presença que não pode ser definida. Eis onde reside a dificuldade -- tentar expressar em palavras o indefinível. Lao-Tsé disse: "Se você pode definir, não se trata de Deus". Se você pudesse alguma vez descrever essa Coisa, você não estaria descrevendo Deus, porque Deus é infinito, eternidade, imortalidade, e ninguém pode descrever isso. Você pode senti-Lo, tornar-se consciente d'Ele, percebê-Lo – mas não pode descrevê-Lo.

PODER ÚNICO: UM PRINCÍPIO BÁSICO

Um outro ponto fundamental neste ensinamento, que pode ser difícil de ser apreendido em sua plenitude, mas que é muito simples, uma vez que seu significado seja absorvido, é o ensinamento do poder único. 

O Primeiro Mandamento é a base sobre a qual estamos: Não terás outros poderes (deuses) senão a Mim; não existe outro poder senão Deus – não há pecado a vencer, nem morte, nem falta, nem limitação, nem tentação. 

O Poder único, a Presença única é Deus. A verdade não é usada para vencer o erro; o poder de Deus não é usado para vencer o mal, e quando a crença universal, sob a forma de pecado, doença, morte, carência e limitação, grita para nós "Eu tenho poder para crucificar-te", respondemos como o fez Jesus: "Nenhum poder terias contra mim, senão te houvesse sido dado do alto".

Esse tratamento que Jesus deu a Pilatos foi uma declaração de verdade absoluta, e ele a demonstrou. Todo o poder de Pilatos de pregá-lo à cruz provou ser nada porque ele não podia tocar a vida de Jesus. E assim é conosco. Nós permanecemos no Primeiro Mandamento.

Abandone a ideia de que a verdade dissipa o erro. O erro não é uma realidade e não tem de ser destruído. Meramente tem de ser reconhecido pelo que é: nada. Deus, Verdade, é o poder único. Nós não O usamos: nós somos ele. Aquilo que eu estou procurando, Eu sou.

Há muitos anos, no início de minha prática, recebi um chamado para ajudar uma mulher artrítica, cujo mestre, bem como muitos práticos tinham sido incapazes de fazer alguma coisa por ela. Em três semanas eu não havia feito mais progresso com o caso do que todos os demais – não havia melhora de espécie alguma. Seus práticos estavam convencidos de que o caso não podia ser resolvido porque a mulher tinha uma personalidade dominadora e acreditavam que ela não podia ser curada, a não ser que mudasse seu modo de pensar, ou pelo menos mudasse certas qualidades de seu pensamento. Assim fiquei sabendo que o caso teria de ser resolvido de outra maneira.

Um dia recebi dela um chamado telefônico dizendo-me que a dor era terrível e que alguma coisa precisava ser feita imediatamente. Entusiasmado, eu disse a mim mesmo: "Farei vigília a noite inteira e acabarei com isto!". Meu hábito, então, era ler um pouco, a fim de encontrar alguma coisa para dar impulso ao pensamento, meditar, dormir um pouco e depois levantar-me e tentar novamente.

Às duas horas da manhã, o pensamento veio a mim: "Existe uma verdade, e se eu pudesse apenas apanhar essa verdade, ela solucionaria este problema. Tudo o que preciso é apenas uma verdade única, e ela está em algum lugar por aqui! Se eu puder ao menos alcançá-la!".

Depois, voltei a dormir e quinze minutos depois despertei ouvindo uma Voz: "Aquilo que estou procurando, eu sou!".

"Mas como pode ser isso? Eu não sou a Verdade...", perguntei. Então lembrei que Jesus havia dito: "Eu sou o caminho e a verdade e a vida". E compreendi: "Esta verdade que estou procurando, eu sou. Isso torna a coisa muito simples, porque a verdade é universal, e se eu sou a verdade, esta paciente também é a verdade. Não adianta fazer vigília por mais tempo".

Pela manhã, chegou um aviso de que o caso havia sido resolvido e até hoje não houve sinal de qualquer recaída. Não há recaída quando conhecemos a verdade, quando não usamos a verdade para vencer o erro. Quando tentamos sobrepujar o erro com a verdade, estamos reconhecendo o poder do erro e ele pode voltar com força redobrada e nos surpreender. A partir daquele dia até hoje, jamais procurei tentar curar qualquer pessoa aqui ou sobrepujar algum erro, porque Deus é o poder único, Deus é a substância e a lei de toda a forma.

Lembre-se: a verdade em si nada faz por você! É a sua consciência da verdade que a faz funcionar. A verdade é sempre verdade, que você o saiba ou não, mas ela se manifesta a você somente em proporção à sua percepção consciente dela. É como a conta do banco a cujo respeito você nada sabe. Somente a conta do banco que você conhece é que pode lhe servir. Eu mesmo passei por um período quando até mesmo uma pequena quantia teria sido muito bem-vinda. Nessa ocasião particular, eu não sabia que tinha qualquer dinheiro e então, mais tarde, descobri duas contas em um banco da Cidade de Nova York que estava lá há vinte anos, mas que eu tinha esquecido completamente. Houve muitas ocasiões em que eu teria sido muito grato por aquele dinheiro. Assim como a conta bancária que você não sabe que possui não tem valor para você, do mesmo modo esta verdade da totalidade de Deus de nada lhe adianta, exceto na medida em que você a conhece e a percebe conscientemente.

Esta é uma das coisas mais importantes que você será chamado algumas vezes a compreender. Somente na medida em que você vir que a doença não é um poder sobre o qual pode fazer alguma coisa é que você pode atender à aparência chamada doença. Este é o ponto que quero frisar: há somente um único Poder, uma única Presença. Nosso bem deve vir através Disso, a partir do interior, não através de qualquer tentativa humana de arrancá-lo do mundo exterior.


O TRATAMENTO É SEMPRE NO PLANO DE DEUS

Nesse ensinamento permanecemos no princípio da Vida única, do Espírito único, permeando tudo. A aparência chamada "morte" não é morte, e a aparência chamada "nascimento" jamais poderia ser o começo da Vida. A vida não tem começo nem fim. Esta Vida, que é Deus, é Autogerada e Auto-sustentada e não tem antagonismo nem oposição. Não há poder à parte da Vida única, que é a sua vida e a minha vida, e essa Vida é eterna.

No momento em que tocamos o Centro, a essência divina do Ser dentro do nosso próprio ser, constatamos não só Deus, mas a vida do homem individual, a vida daquele que se chama, no momento, um paciente. O tratamento, então, está na capacidade de contatar essa Vida única, a nossa própria Alma -- essa Essência única, esse Ser único que está dentro do nosso ser – e, por isso, em nossa forma de tratamento não é necessário enviar qualquer pensamento a uma pessoa. Pelo contrário, isso só serve para impedir ou atrasar a cura e, em alguns casos, torná-la impossível.

O tratamento correto a partir do ponto de vista do Espírito, ou Alma, é penetrar o interior, tocar o Centro do próprio ser de uma pessoa. Jamais leve lá o nome do paciente; jamais faça qualquer alegação, seja esta desemprego, insanidade ou doença: não diga nada que não seja Deus, e Deus já se encontra lá. Encontre Deus! E quando esse sentimento de liberação chega, você em breve obtém do próprio paciente a palavra de que ele está curado.

Esta é a minha palavra para você, após anos e anos e prática: não leve o nome, ou a identidade, ou o quadro, ou o pensamento do seu paciente para o seu tratamento. Deixe-os completamente de fora. Você nada tem a ver com eles. Para começar, eles são ilusórios, e se você os levar em consideração, obviamente não estará acreditando que são ilusões, mas pensando que são alguma coisa e que você tem de fazer algo a seu respeito. Às vezes, talvez possa ser verdade que, porque você tem um paciente, acredite por um momento que há uma presença e um poder à parte de Deus. Por isso, você penetra no interior para a iluminação, para a luz que dissipará a ilusão.

Quando você se voltar para o interior, deixe o problema de fora! O problema não deve preocupá-lo, seja ele mental, físico, moral ou financeiro. Ele nada tem a ver com você porque você não atende a um problema no nível do problema. O problema aparece como carência, limitação, desemprego, desamparo, pecado, doença ou morte, mas no momento em que você começa a fazer alguma coisa nesse nível, você é incapaz de atendê-lo. Onde quer que o problema esteja, está a resposta; e se o problema está em seu pensamento, a resposta também está lá. Eles nunca estão separados um do outro. Eles sempre são uma só coisa. Não há problema aqui e uma resposta em algum outro lugar.

Por isso, quando lhe é apresentado um problema, deixe-o e volte-se para dentro de si até conseguir aquele centro de consciência em que você sente o alívio e, então, o problema todo desaparece. Se você trabalha no problema, se você trabalha para realizar alguma coisa, nesse momento você derrotou o seu propósito.


Então, como é que você encontra o centro do seu ser? Antes de mais nada, afaste-se do problema. Esqueça-o. Feche os olhos e leve alguma citação para o seu pensamento, preferivelmente uma bem curta como "Eu e o Pai somos um" – ou "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus". Enquanto você se apóia nessa citação e os seus pensamentos começam a vagar, ponderando sobre o que tem para o almoço ou o que fazer amanhã, não lhes dê atenção; deixe-os vir e deixe-os ir.

Mantenha a sua atenção em: "Eu e o Pai somos um" – ou em qualquer outra citação curta apropriada da Escritura ou da sabedoria espiritual. Quando você perder o fio, suavemente volte a ele e reconheça que, ainda que sua mente tenha vagado, "Eu e o Pai somos um". Traga sua atenção de volta outra e outra vez e, tantas vezes quantas você perder esse fio, traga-o suavemente de volta. Não há por que ter pressa. Apenas volte-se suavemente para "Eu e o Pai somos um".

Depois que você tiver isso por alguns minutos, se sentirá mais apaziguado. Então, se for possível, nesse momento de quietude, lembre-se de que está escutando "aquela pequena voz silenciosa". Mantenha seus ouvidos abertos como se lá fora houvesse uma mensagem esperando para entrar. E há!

Você agora está desenvolvendo um estado de receptividade para "aquela pequena voz silenciosa". Assim, enquanto você mantém a sua mente em "Eu e o Pai somos um..., Eu e o Pai somos um", o tempo todo o ouvido está ouvindo e um sentimento de paz está se estabelecendo em você.

O tratamento do Caminho Infinito diz respeito somente ao seu relacionamento com Deus, e quando você se torna um com Deus, você sente o alívio. Quando esse alívio e essa sensação de paz chegam, o problema foi resolvido, seja o seu, seja o de outra pessoa. O seu paciente sentirá o alívio, porque foi levado para a sua consciência e, desde que Deus é a consciência do praticista, Deus também é a consciência do paciente. Não há transferência de pensamento do praticista para o paciente -- não há necessidade disso.

Jamais seja culpado de uma tentativa de dar um tratamento a um paciente. Não cometa o engano de pensar que um paciente vai a um prático que vai a Deus, e que Deus, então, por sua vez, vai ao paciente a fim de produzir o alívio; ou o que o paciente vai ao prático e que este envia alguma coisa ao paciente. Nada disso acontece.

Deus e o praticista e o paciente são realmente uma coisa só. Não há três e não há dois: há somente um. Quanto mais claramente você reconhece que EU SOU é Deus, e que EU SOU é a vida, a Alma e o Espírito de cada indivíduo, logo compreenderá que não está lidando com pessoas, mas com Deus, infinita e individualmente expresso como pessoas -- mas ainda Deus, somente Deus.


DEUS COMO PRINCÍPIO CAUSATIVO

Deus é tudo. Deus constitui o ser e o corpo individuais. Mas surge a questão: "O que é Deus?". Um dos nossos maiores problemas é encontrar uma resposta satisfatória para essa pergunta. Existem, talvez, diversas centenas de sinônimos para a palavra Deus, e se pudéssemos citar todas elas ainda não teríamos encontrado a resposta para a pergunta. Mesmo assim continuamos a levantar a questão de tempo imemoriais: "O que é Deus?" -- Talvez isso aconteça porque há um reconhecimento íntimo, do qual talvez nem estejamos conscientes, de que, quando encontramos Deus, encontramos a nós mesmos, e de que, quando encontramos a nós mesmos, encontramos Deus.

Com certeza, todos podemos concordar que Deus é o princípio causativo do Universo. Não podemos dizer, no entanto, que Deus criou o Universo porque isso significaria que, em um dado momento, havia Deus e não havia um universo e que então, subitamente, havia Deus e um universo. Deus não é um criador mais do que o é o princípio da matemática. O princípio da matemática não criou duas vezes dois, quatro; não criou o quatro e o ligou a duas vezes dois. Duas vezes dois inclui quatro, e logo que duas vezes dois passou a existir o quatro já estava lá. O princípio da matemática não o colocou lá; Deus não o colocou lá – Ele não podia. O quatro estava lá. Nunca tinha sido separado de duas vezes dois.

Mas quando pensamos em Deus como um Princípio criativo – infinito, eterno, onipresente, sem começo e sem fim -- então podemos ver que uma causa tem de ser uma causa de alguma coisa e que a esta 'alguma coisa' chamamos de efeito. Causa e efeito são um, co-existentes, co-eternos e da mesma substância. Então chegamos à verdade de que Deus, como Princípio criativo, é a causa de Seu ser manifesto que aparece como efeito, causa e efeito vinculados, como duas vezes dois é quatro, inseparáveis um do outro, mas sempre num mesmo lugar.

Pense sobre a questão: O que é Deus? Somente na compreensão do que é Deus é que podemos saber aquilo para o que Deus é Deus. Tudo o que sabemos, sabemo-lo porque somos um estado de consciência. Anule-se a atividade da consciência e não teríamos percepção nem conhecimento. Não saberíamos que existimos.

Foi Descartes que disse: "Penso, logo existo". Do mesmo modo, apenas porque sou consciente, porque sou a consciência em si, é que sei que existo e que há um universo existente. Se pudermos de algum modo nos entender e entender Deus como Consciência, poderemos entender este universo, incluindo o nosso corpo, como uma formação da Consciência – incorpórea, espiritual, eterna, co-existente, Autogerida e Auto-sustentada; de fato, Autogerida e Auto-sustentada da mesma maneira pela qual duas vezes dois é quatro se mantém pela eternidade.

Quando podemos ver que a Consciência é realidade de nosso ser, que Ela é o princípio causativo, então podemos ver formas dessa Consciência, ou Ela se torna evidente para nós como uma variedade infinita de formas e, portanto, tão eterna como nós. À medida que compreendemos que nossa consciência é o princípio causativo de nosso universo, então saberemos que, não importa o que façamos, a Consciência universal está sempre produzindo e reproduzindo.

Não importa o que façamos com o mundo dos efeitos, a Consciência, que é o seu princípio causativo, substância e lei, está sempre produzindo e reproduzindo. Ela não está criando. Está apenas se desenrolando, como um rolo de filme cinematográfico, desenrolando todo o quadro. O quadro já está lá no rolo todo e está apenas se desenrolando diante de nossa vista.

A Consciência está sempre Se desenrolando e Se revelando para nós sob forma infinita, de maneira infinita e em variedade infinita. Nunca deveria haver lamentos sobre nossas vidas passadas, sobre o que perdemos no passado. O passado nada tem a ver com o presente. Não dependemos do maná de ontem; não dependemos de coisa alguma ou de alguém. Não faz diferença o que aconteceu ou o que acontece com a nossa sorte ou com os nosso bens. É hoje que a nossa consciência está nos revelando sua nova criação, revelando a cada dia suas novas formações. Hoje a nossa consciência está se desenrolando e se revelando de novas maneiras, de novas formas – sempre crescendo abundantemente.



VIVER DENTRO DO PRINCÍPIO DO EU ÚNICO

Na Primeira Guerra Mundial, servi como voluntário na marinha dos Estados Unidos e, embora, naquele tempo eu fosse um jovem estudante de Metafísica, aprendi que é possível me proteger dos poderes deste mundo refugiando-me em/no Cristo, onde nenhum poder do mal pode se aproximar. Orei desse modo durante semanas, até que um dia fiquei impressionado; fui tomado com a ideia de que Deus devia ser horrível se, ao dizer "abracadabra", eu pudesse ser protegido, ao passo que todas as pessoas que não conhecessem a palavra mágica seriam mortas ao saírem. Lá estaria eu com a minha arma, matando a torto e a direito sem ser tocado. Mas, os pobres companheiros que não conhecessem essa fórmula mágica, poderiam morrer. Eu não podia acreditar que existisse tal Deus e percebi que havia algo errado com essa forma de oração. Por não conhecer outra, decidi não orar novamente até que tivesse aprendido a fazê-lo corretamente.

Os dias passaram, e recusei me ocupar com qualquer oração protetora desse tipo, até que um dia, aparentemente por acaso, derrubei minha Bíblia no chão. Ela caiu aberta nesta passagem: "Eu não rogo somente por estes" (João 17:20). Senti o coração e os ombros aliviados de um peso que os oprimia, e disse: "Obrigado, Pai. Nunca rezarei novamente para mim ou para os meus somente. Agora, porém, minha prece é que a graça de Deus envolva a humanidade, que a graça de Deus toque toda alma viva para a vida espiritual".

Quanto a mim, aconteceu um milagre. Fui transferido de um local para outro, de uma obrigação para outra, mas nunca mais, durante a guerra, fui sequer mandado para perto de qualquer sítio, de onde pudesse atingir alguém ou mesmo ser atingido. Vi então que não só havia proteção para mim, como também havia proteção a partir de mim. Desde então, aprendi uma grande lição que narrei no capítulo "Ame teu Próximo", no livro Exercitando a Presença. O princípio é que há somente um Eu, e que é o Próprio-Deus.

A vida de Deus é a minha e a sua vida; a alma de Deus é a minha e a sua alma. o Espírito de Deus é o meu e o seu espírito; a verdadeira individualidade de Deus é a minha e a sua individualidade; e isso significa que nós somos unos em filiação espiritual. Qualquer coisa que me beneficie deve beneficiar você; qualquer coisa que me prejudique, deve prejudicar você, pois nós somos um só. Tudo o que for uma bênção para mim, deve ser para você; e tudo o que é graça divina para você, deve ser também para mim, pois nós somos um só.

Se eu fizer algo danoso para você, estarei fazendo a mim mesmo, pois só existe um. Se eu fizer algo de natureza oculta, não estou ocultando de você; estou ocultando de mim. Se eu fizer algo destrutivo, não estou prejudicando você; estou prejudicando a mim mesmo, pois nós somos um só. Frequentemente queremos saber porque estamos pagando as penas da enfermidade, do pecado ou da pobreza, sem compreender o que fizemos à humanidade.

Para o mundo, há um, apenas um único meio de ação: é através de obras. O mundo realiza seu bem e seu mal pelas obras, mas essa não é a sua ou a minha verdade. Mesmo se nos abstivéssemos das más ações, ainda assim não seria suficiente. 

Paulo disse que: "ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria" (I Coríntios 13:3). E o Mestre disse-nos que, se não cometêssemos nenhum desses pecados, mas permitíssemos que eles ocupassem o nosso pensamento, ainda assim, seríamos pecadores: "Eu, porém, vos digo que qualquer um que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mateus 5:28).

Assim é que as boas obras não são suficientes para nós. Abster-se das más obras não é o bastante. Devemos avançar um passo além e não prestar falso testemunho contra o próximo. Silenciosa e secretamente, devemos compreender que Deus é a vida de todo o indivíduo, quer o saiba disto ou não, quer viva ou não para Ele.

No exato momento em que começarmos a conhecer a verdade de que Deus é a vida de todo mundo, que a graça divina é suficiente para todas as pessoas em todo lugar, quando começarmos a orar por aqueles que estão arruinando este mundo – oremos para que a graça de Deus abra a alma e a consciência deles para a verdade do ser, oremos para que o mundo seja um instrumento pelo qual Deus possa agir livremente, oremos para que a luz de Deus toque a consciência obscurecida deles -- então e somente então começaremos a "morrer a cada dia" para os meios humanos de vida e renasceremos como filhos de Deus que já não têm de dirigir o pensamento para a vida, mas que agora vivem pela Graça.